Grupo de deputados e senadores atua para blindar Delta na CPI
À frente da ação está o PMDB do governador do Rio, Sérgio Cabral
A votação que adiou por tempo indeterminado o depoimento do empreiteiro
Fernando Cavendish expôs as articulações de uma "bancada" na CPI do
Cachoeira que atua para blindar o dono da Delta.
As orientações partem do PMDB nacional, do governador do Rio, Sérgio
Cabral (PMDB), e do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ambos amigos de
Cavendish. A Delta tem vários contratos com o governo fluminense.
Fazem parte do grupo os deputados Leonardo Picciani e Filipe Pereira, do
PSC-RJ, João Magalhães (PMDB-MG) e Cândido Vaccarezza (PT-SP), este por
razões partidárias em virtude de acordos feitos entre o partido e o
PMDB.
O grupo pró-Cavendish conta também com o senador Ciro
Nogueira e sua mulher, Iracema Portella, do PP-PI e amigos do
empreiteiro.
O casal Nogueira estava em Paris na Semana Santa, às
vésperas da criação da CPI, quando diz ter encontrado casualmente
Cavendish.
Em dezembro de 2009, Ciro postou em sua conta no microblog Twitter: "Hoje vou ao casamento do meu amigo Fernando Cavendish".
Na sessão da última quinta-feira que bloqueou o depoimento de Cavendish, Ciro defendeu que o empreiteiro não fosse convocado.
"Nós ficamos apenas numa guerra de convocar fulano [...]. Nós não
quebramos o sigilo da Delta? Vamos analisar", discursou o senador.
Além de Nogueira, o deputado Picciani também se manifestou ao microfone
contra a convocação. "Nós não precisamos ter a ânsia de convocar
[Cavendish] sem ter o que perguntar, apenas para fazer um espetáculo que
seja."
"Não tenho convívio social com Cavendish", disse Picciani, por meio da assessoria. "Sou independente."
Filipe Pereira também negou integrar a "bancada da Delta". Vaccarezza
afirmou que não é da "tropa de cheque nem da tropa de choque" de
empresas. "Quer dizer que todos os amigos do Cabral são bandidos?"
Eduardo Cunha disse que "ninguém manda em mandato de ninguém" e que não participa de CPI.
Cabral disse, via assessoria, que não influencia o PMDB na CPI.
Folha de S. Paulo
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