er

er

terça-feira, 1 de junho de 2010

Máfia dos bicheiros divide o Rio com tráfico e milícia

Cada contraventor tem seu reduto, mas há guerra pelos pontos


Assim como as milícias e os traficantes de drogas, contraventores do jogo do bicho e de máquinas caça-níqueis também dividiram o Rio de Janeiro em áreas de influência. A maioria dos bicheiros, segundo a Polícia Civil e Ministério Público, manteve suas áreas de influência, mas há regiões da cidade em que a disputa é sangrenta. A reportagem do R7 consultou policiais, processos na Justiça, promotores e moradores de bairros do Rio sobre como a máfia dos bicheiros divide a capital fluminense e a região metropolitana.

As investigações apontam problemas em Jacarepaguá e na Barra da Tijuca, na zona oeste. A área era controlada pelo bicheiro Emil Pinheiro, que morreu em 2001. Desde então, passou a ser alvo de disputa, que já terminou em mortes e atentados.

Atualmente, segundo policiais, a área estaria dividida pelo contraventor Rogério Andrade e um PM ligado a um ex-chefe da Polícia Civil. No dia 8 de abril, Andrade sofreu um atentado a bomba na Barra da Tijuca que matou seu filho de 17 anos. O serviço reservado do batalhão de Bangu, na zona oeste, diz que o crime tem ligação com a disputa em Jacarepaguá. A Delegacia de Homicídios, que investiga o caso, mantém a apuração em sigilo.

Em 2004, o contraventor conhecido como Maninho foi assassinado ao sair de uma academia de ginástica na Barra da Tijuca. Até hoje, o crime não foi esclarecido, mas suspeita-se que tenha sido em razão da disputa pelo espólio de Emil.

Outra área que vive sob tensão é a região dos bairros de Bangu, Padre Miguel e Realengo, na zona oeste. Ali, quem sempre mandou foi a família Andrade, do qual faz parte Rogério Andrade. No entanto, com a morte do patrono Castor de Andrade, em 1997, a família começou a disputar à bala os pontos.

Antes de morrer, Castor dividiu seu espólio. O sobrinho Rogério Andrade ficaria com os pontos de apostas do jogo do bicho, enquanto que o genro de Castor, Fernando Iggnácio, ficaria com as máquinas caça-níqueis. Como o lucro com as máquinas era bem maior, Rogério não aceitou a divisão e passou a ocorrer uma disputa entre os dois. A briga provocou várias mortes nos últimos anos. A família Andrade também controla o jogo ilegal na região da Costa Verde Fluminense, que engloba as cidades de Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty.

A área controlada pela família de Maninho e de seu pai, Miro, já mortos, também vive sob tensão. O grupo é suspeito de explorar as máquinas caça-níqueis na zona sul carioca, além dos bairros da Tijuca e Vila Isabel, na zona norte, mas os atuais comandantes travam uma guerra pelo domínio do espólio, considerado o mais lucrativo da contravenção. Mortes já ocorreram.

Outra área considerada importante para a contravenção é a Ilha do Governador, na zona norte. Após a morte do dono das bancas do jogo do bicho, Raul Capitão, na década de 90, houve várias disputas entre a família pelo espólio. Hoje, a área seria dividida entre quatro contraventores.

Niterói e São Gonçalo

Há menos de um mês, a PF (Polícia Federal) desarticulou um grupo supostamente comandado por Moisés, presidente da escola de samba Unidos de Vila Isabel, que controlaria máquinas caça-níqueis na região de Niterói e São Gonçalo, na região metropolitana. A região sempre foi controlada pelos contraventores Turcão e Capitão Guimarães.

A suspeita é que os antigos chefões continuem por trás dos negócios. A hipótese é reforçada pelo delegado da PF em Niterói, Marco Aurélio Costa, que diz que Moisés foi colocado como o encarregado de explorar a área pela cúpula do jogo do bicho, da qual faziam parte Turcão e Guimarães. Esse último, inclusive, voltou a ser investigado.

Segundo policiais ouvidos pelo R7, em outras áreas da região metropolitana, a situação se mantém calma. Na zona norte, o bicheiro conhecido como Piruinha continua controlando bairros como Cascadura, Abolição, Pilares, Meier e Del Castilho. Na área da Leopoldina, também na zona norte, que compreende os bairros da Penha, Ramos e Bonsucesso, mantém-se no comando a família Drummond.

No Centro e zona portuária, o banqueiro Turcão é citado como ainda sendo o dono das bancas de apostas e das máquinas. Na zona oeste, entre os bairros de Campo Grande e Santa Cruz, manda a família Stabile. Na Baixada Fluminense, controla um banqueiro conhecido como Anísio, com exceção de Duque de Caxias, controlado por um outro contraventor.

Tráfico e milícias

Os grandes contraventores mantém uma relação cordial com traficantes e milicianos. Para que as máquinas caça-níqueis sejam instaladas em favelas, por exemplo, é cobrado um pedágio.

Os banqueiros não são donos de todas as máquinas caça-níqueis. Entretanto, os outros proprietários para poderem instalar equipamentos em áreas dominadas pelos contraventores precisam pagar por um selo de autorização que custa, no mínimo, R$ 200.

Há cerca de dois meses, a PF fez fotografias de pontos de apostas do jogo do bicho no Centro da capital, que ficavam próximos de delegacias. O inquérito foi remetido para o Ministério Público Estadual e, de lá, para a Corregedoria da Polícia Civil. As investigações são mantidas em sigilo.

Sobre a atuação dos bicheiros, a Secretaria de Segurança Pública informou que, desde janeiro de 2007, vem realizando operações constantes que têm resultado na apreensão, em média, de cerca de mil máquinas caça-níqueis por mês.

FONTE: PORTAL R7

Nenhum comentário:

Postar um comentário