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sábado, 28 de abril de 2012

A Alerj não blindou apenas os pedidos de investigação da Delta

Com blindagem da Alerj, Sérgio Cabral evitou investigação da Delta no Rio

Deputado apresentou pedido de CPI antes da Operação Monte Carlo, mas foi ignorado


“A Alerj não blindou apenas os pedidos de investigação da Delta. Ela blinda o Cabral e seu governo de qualquer investigação parlamentar, o que fere um dos principais deveres do Poder Legislativo”, critica o deputado estadual Paulo Ramos (PDT).

Os desdobramentos da Operação Monte Carlo, que desmontou a quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira, acertaram em cheio a Delta, uma das principais empreiteiras do país. Líder em projetos contratados pelo PAC, a empreiteira recebeu R$ 2,9 bilhões da União e R$ 1,4 bilhão do governo do estado do Rio de Janeiro desde 2007. De acordo com as gravações da Polícia Federal, Cachoeira teria envolvimento direto com a Delta, agindo como lobista da empresa junto a agentes públicos. 
A bomba pegou muita gente de surpresa, mas não quem acompanha o cenário político fluminense. Desde o ano passado, parlamentares de oposição na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) tentam emplacar uma investigação da empreiteira, mas sempre acabaram vencidos pela ampla maioria da bancada governista. Coincidentemente, Sérgio Cabral é amigo próximo do dono da Delta, Fernando Cavendish, e foi justamente durante o seu mandato que a empresa disparou como uma das principais parceiras do governo estadual. “A Alerj não blindou apenas os pedidos de investigação da Delta. 
Ela blinda o Cabral e seu governo de qualquer investigação parlamentar, o que fere um dos principais deveres do Poder Legislativo”, critica o deputado estadual Paulo Ramos (PDT). Responsável pelo pedido de investigação da Delta em 2011, ele desqualificou as medidas do governador contra a Delta. “Quando ele foi flagrado junto com o Cavendish, em Trancoso (BA), criou uma comissão de ética formada por seus aliados. Agora que a Delta foi flagrada nesse escândalo com o Cachoeira, novamente colocou pessoas ligadas a ele para investigar os contratos. Não há isenção alguma”.


  O incidente em Trancoso, ao qual o deputado se refere, foi a queda de um helicóptero que levava parentes de Sérgio Cabral e Fernando Cavendish para comemorar o aniversário do empreiteiro, em junho do ano passado. A tragédia expôs a proximidade do governador com o dono de uma das empresas mais beneficiadas pelos contratos estaduais e foi o pivô de uma série de críticas e pedidos de investigação que não foram levados adiante. Com ampla maioria na Alerj, o PMDB e seus aliados puseram panos quentes no assunto.
JORNAL DO BRASIL

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