"Lamentável a bagunça e o abandono daquele plenário magnífico, que frequentei diariamente, de 1946, Constituinte, até 1960, mudança da capital. Que desalento do repórter".
Assisti ontem uma sessão da Alerj, presidida por Paulo Melo, que “brigava” com o assessor da Mesa, que sabia mais do que ele. Teve que suspender a sessão por dois minutos, para se acertarem. O assunto é importantíssimo, mais do que muitos outros, sejam quais forem.
A questão: praticamente 8 milhões de pessoas desses municípios, não têm uma gota dágua, embora o governador cabralzinho diga o contrario. Destaque para deputados do PSDB (apenas 1), do PSol e do PPS, que mesmo fazendo oposição, votaram por mais verbas para que esses municípios, possam viver de forma mais decente e digna. Como passar dias, semanas, meses, com as torneiras abertas mas vazias?
A deputada do PSol, foi a mais importante, elucidativa e competente: “Sou oposição, mas votarei por mais verbas por causa da população da Baixada, que somam 5 milhões de habitantes ou até um pouco mais”.
Textual: Caxias, Nilópolis, São João de Meriti, Seropédica, Nova Iguaçu. Belford Roxo, Queimados e Mesquita e muitos outros municípios. É uma constatação lancinante, degradante, vergonhosa. O Rio, antes da mudança da capital, conhecia muito bem a situação.
Assisti duas vaias monumentais no Maracanã, a primeira por causa da falta dágua. O prefeito era Dulcidio Espírito Santo Cardoso, primo de FHC. Foi ao Maracanã com sua belíssima namorada, a cantora Ester de Abreu. Anunciaram seu nome, quase 100 mil pessoas gritando, “água, água,água”, fiquei com pena dele.
A segunda, no dia da morte de Castelo Branco. O corpo estava sendo velado no Clube Militar. No Maracanã, jogavam América- Botafogo (América 3 a 1). Pediram um minuto de silêncio, vaia irreversivel. O que levou Nelson Rodrigues a dizer no dia seguinte no seu programa da TV Rio: “O Maracanã é implacável, vaia até minuto de silêncio”.
Depois, o deputado do PPS, (que já foi prefeito de Niterói), falou e citou 9 municípios, começando por São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá, e terminando em muitos outros. Ai veio o deputado (único do PSDB) e relacionou tantos municípios que fiquei assombrado.
Sabia e tenho mostrado a inutilidade da “administração” cabralzinho. Mas depois de assistir longamente a sessão da Alerj, fiquei na obrigação de perguntar mais uma vez: “Qual a razão da reeeleição do seu mandato?” É evidente que seus 4 anos depois dos primeiros, representam a força de quem está no Poder. No caso de cabralzinho, tem que agradecer diretamente ao “inventor” desse segundo mandato.
O líder (?) de cabralzinho falou varias vezes, sempre com inenarrável e irrefutável subserviência. Defendeu a atuação de cabralzinho, mostrou números e mais números, tudo no futuro, como se o governador estivesse tomando posse agora.
Foi vastamente refutado. Ele e muitos deputados eleitos pela Baixada e pelos municípios abandonados, mas que continuam apoiando cabralzinho. Por que tanto “desprendimento” desses “representantes”?
Por causa disso, a deputada do PSol, e mais os deputados do PPS e PSDB pediram votação nominal, não adianta nada, votaram assim mesmo com cabralzinho.
O líder (?) do governo voltou a falar; “No máximo dentro de 9 ou 10 meses, todos esses municípios terão água”. Eu poderia dizer como Bernard Shaw, quando visitou pela primeira vez a Estatua da Liberdade: “Meu gosto pela ironia não vai tão longe”.
TRIBUNA DA IMPRENSA